DISLALIAS
As dislalias são defeitos de articulação na emissão das consoantes; podem ser de origem congénita, mecânica ou psíquica e resultam de anomalias de órgãos bucais, de má implantação dentária, de vícios adquiridos na infância ou ainda de causas nervosas ou mesológicas.
Dislalias Orgânicas: labial, dental, lingual, palatal, nasal (rinolalia serrada, rinolalia aberta, rinolalia mista).
Dislalias Audiógenas: bilinguismo, surdez post-locutiva, hipoacusia pré-locutiva.
Dislalias Funcionais:
Sigmatismo - Defeitos na emissão do S ou Ç. Pode ser interdental quando a língua coloca-se entre os dentes incisivos (ceceio); lateral se a língua dirige o sopro para os lados; multilocular se o sopro toma a direcção de diversos espaços interdentários.
Betacismo: - Troca de /B/ por /V/ ou /P/.
Deltacismo:- Troca de /T/ por /D/ ou vice-versa.
Gamacismo: Troca de /G/, /Q/ ou /K/ por /T/, /J/ ou /P/.
Lambdacismo: Troca de /L/ por /N/, /T/, /J/, ou, /R/ brando.
Jotacismo: Troca de /J/ por /GH/, /Z/, ou /I/.
Rotacismo: Defeitos na emissão do /R/; rotacismo posterior quando vibra a base da língua; rascado quando é demasiado gutural. Algumas vezes é substituído por /N/ aspirado e pode dar-se também a troca por /L/, /N/, /T/, /S/, ou /RS/.
Chinonismo: Omissão do /R/.
Hotentotismo: Alteração geral ou acumulação de Dislalias, tornando a linguagem incompreensível.
A correcção das dislalias é fácil, desde que haja cooperação do aluno/paciente que deve observar, com o auxilio de um espelho, a posição correcta dos órgãos móveis: língua, lábios, palato mole durante a emissão das consoantes, imitando o mestre, que lhe mostra como deve ser a articulação exacta.
Normalmente até os 6 anos de idade, a maioria dos sons da fala já está adquirida. A dislalia ou transtorno específico de articulação da fala corre quando a aquisição dos sons da fala pala criança está atrasada ou desviada, levando a:
- má articulação e conseqüente dificuldade para que os outros a entendam;
- omissões, distorções ou substituições dos sons da fala;
- inconsistência na coocorrência de sons (isto é, a criança pode produzir fonemas corretamente em algumas posições nas palavras, mas não em outras). 2
A gravidade do distúrbio articulatório varia de pouco ou nenhum efeito sobre a inteligibilidade da fala até uma fala completamente ininteligível, embora mesmo nestes casos, as pessoas da família compreendam o que a criança quer expressar.
Existem vários fatores etiológicos, além dos aspectos que favorecem indiretamente a existência e manutenção da alteração, como 3:
- permanência de esquemas de articulação infantis;
- déficit na discriminação auditiva;
- déficit na orientação do ato motor da língua.
Alterações na respiração, inadequação da mastigação e deglutição, hábitos orais inadequados (uso prolongado da chupeta e mamadeira, onicofagia e sucção de dedo), podem causar prejuízos anatômicos e funcionais no sistema orofacial da criança, alterando os movimentos adequados e necessários para a produção correta dos fonemas.
Diversas classificações são encontradas para o distúrbio articulatório, entretanto, a classificação abaixo é bastante esclarecedora:
- Dislalias fonológicas: os mecanismos de conceitualização dos sons e as relações entre significantes e significados estão afetados, os sons não se organizam em sistemas e não existe uma forma apropriada de usá-los em um contexto;
- Dislalias fonéticas: determinadas por processos fisiológicos, de realização articulatória com traços característicos de incoordenação motora e/ou insensibilidade orgânica. 4
Existem alterações articulatórias nos casos de disartrias, entretanto estas são ocasionadas por danos cerebrais.