O Maior Desafio
Vimos compartilhando aqui nossas experiências com Carmencita ocorridas no colégio, com coleguinhas, em distintos lugares, com a família e quando sai na rua, conosco. Todas estas experiências nos mostraram como o Mutismo Seletivo foi uma condição persistente, sempre presente, oculta somente quando nossa filha não notava nem se sentia observada, portanto, julgada ou o centro da atenção das pessoas.
Como podem saber por artigos passados, nossa pequena anjinha começou a ir a um novo colégio este ano com os melhores passos que houvéssemos podido imaginar e planejar, começou a falar com professores, colegas de classe, crianças de outras salas e com o pessoal da escola. Não podemos dizer, suficientemente, da valentia, motivação, força de vontade a abertura para tratar e exigir de si mesma, aquelas que Carmencita mostrou com nosso apoio.
Como há duas semanas, quando voltávamos para casa, recebemos a visita de uma de suas “amigas” do antigo colégio. Ela e a mãe vieram a convidar Carmencita para estar presente na festa de aniversário da amiguinha. Elas não se esqueceram, inclusive quando nós não mantivemos nenhum contato desde o fim do ano passado, recordavam a nossa filha e desejavam que passasse um bom momento junto a elas em uma data tão especial. Passou muito rápido na entrada de nossa casa, quando lhe pediram a Carmencita que lhes acompanhasse na festa, e a outra menina e sua mãe ficaram muito surpresas quando Carmencita disse: “obrigada”. A mãe de Carmencita e eu realmente adoramos observar a surpresa em seus rostos quando escutaram por primeira vez a voz de Carmencita.
Bem, para resumir a história, posso dizer que no dia da festa de aniversário minha esposa ficou com Carmencita já que a festa foi planejada para que as meninas e os pais estivessem juntos e felizes. Esta ia ser a prova realmente exigente para Carmencita, já que sabia que muitas de suas colegas e amigas da antiga escola iam estar ali, alguns pais que a conheciam e alguns adultos que nunca havia visto antes. Estávamos tão entusiasmados já que sabíamos que esta era a melhor oportunidade que nossa filha tinha para se expressar, provando a si mesma que tudo estava bem e que não havia problema algum com respeito a falar, rir, brincar e fazer tudo quanto desejasse diante daquelas meninas e adultos que a conheciam do ano passado como uma “menina muda”, aqueles que respresentavam um gigantesco muro, alimentando sua ansiedade e medo de falar devido ao Mutismo Seletivo.
Poderiam imagina o que aconteceu na festa? Bem, Carmencita foi totalmente ela mesma! Falou, riu, cantou, dançou e compartilhou de todos os jogos e brincadeiras e se divertiu com todas aquelas pessoas como nunca antes. E foi tão divertido e agradável ver o rosto de cada menina e suas expressões quando escutavam a voz de Carmencita, não podiam acreditar! “Carmencita falou!”, disse uma; “está falando, está falando!”, outras gritaram forte; “vamos ver, diz ‘oi’, Carmencita!” disse outra, e claro, Carmencita respondeu e adorou cada momento ao ver a cena tão divertida, tendo tanta gente tão surpresa ao escutar a sua voz e finalmente poder ver a “totalidade de Carmencita”, sem a sombra da ansiedade, sem medo.
A tarde estava sendo grandiosa, que mais poderia haver passado para fazê-la ainda melhor? O que podem imaginar? Bom, imaginem quem apareceu na festa? Sim! A antiga professora de Carmencita. Vocês a conhecem pelo compartlhado aqui anteriormente. Compareceram à festa ela e a filha, que conheciam a Carmencita da antiga escola. Mais boquiabertas e estupefactas ficaram quando Carmencita as cumprimentou. Como minha filha me disse depois, o que eu previ o ano passado e compartilhei com ela tantas vezes, afirmando que logo chegaria o tempo quando ela as cumprimentaria e falaria com todos deixando-os em choque pelo impacto de escutar-lhe a voz e saber que podia falar e compartilhar e sentir-se totalmente bem com isso. E me disse: “papai, lembra de quando você me dizia tantas vezes como eu ia supreendê-las e elas ia ficar em choque com a surpresa? Pois é! aconteceu exatamente como você me disse!”
Logo o que se seguiu foi tão somente um monte de risos e festejos sem fim. Era um sonho que se tornava realidade, um que vimos contruindo dia a dia, juntos, como uma família, do que vimos aprendendo todos estes anos de Carmencita e da experiência com tantas pessoas e casos. Sabemos que isto pode acontecer a vocês também, portanto motivem-se e compromentam-se a estar totalmente envolvidos, a aprender e crescer com as vivências que o Mutismo Seletivo traz a nossas vidas.
Não sei que estratégia usar!
“Não sei que estratégia usar para que meu filho perca o medo de ler e se comunicar com seus companheiros no colégio. Sinto-me muito mal porque não sei como ajudá-lo, embora seja docente, mas não sei.”
Estimada mãe.
O medo de ler e falar em público não é um medo criado por algum trauma quando nos referimos ao Mutismo Seletivo estritamente, e sim, uma predisposição a sentir ansiedade diante da qual a criança se vê bloqueada e sem outra estratégia que usar para lidar com isso a não ser o mutismo e o evitamento.
Imagino que terá lido todos os artigos e respostas passadas já publicadas, pois ali comentamos a respeito. Só quero acrescentar que tudo o que promova a autoconfiança, a autoestima e a despreocupação em seu filho ajudarão e são indispensáveis para conseguir avanços.
Tudo o que você sabe por sua profissão de pedagogia, didática e técnicas de ensino e motivação devem ser implementadas com seu filho em casa e demais ambientes. O Mutismo Seletivo não exige exclusivamente destrezas, nem estratégias especiais para conseguir avanços e sim, conhecer e aplicar habilidades de criação, educação, disciplina, empatia e outras que todo pai precisa desenvolver. O apoio profissional deverá estar centralizado em facilitar tal desenvolvimento, além de trabalhar com a criança no alcance da estima, motivação, confiança, assertividade, relaxamento e demais.
Não posso deixar de enfatizar quão importante é o apoio de tutores, professores, pessoal escolar, pois eles podem fazer a diferença entre uma criança que se sente a vontade, compreendida, apoiada e motivada e uma que sente terror e repulsão à escola e ambientes públicos onde se veja exposta justamente pela inadequada e até mesmo abusiva, ação de educadores.
Quero que conheça o que compartilhamos a respeito de nossa filhinha e sua mudança de escola, o avanço considerável, a ponto de que hoje em dia participa em sala de aula, fala com os coleguinhas de classe e de outras classes, professores, pessoal do colégio e foi homenageada por ser o primeiro lugar de sua classe em rendimento escolar e conduta, sem exceção alguma causada por Mutismo Seletivo, que na atualidade já não poderia ser diagnosticado, dado a que já não apresenta o critério mínimo básico para que assim seja.